sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ensaio sobre a infâmia

Ana Maria Machado. Foto divulgação / Bruno Veiga
A consagrada autora infantil Ana Maria Machado estreia em nova editora com romance adulto
O Globo Plantão | 09/06 às 00h34 Mauro Ventura

RIO - É a última frase dita por Ana Maria Machado na entrevista que inicia esta reportagem:

- Nos tempos de fama, é bom pensar na infâmia também.

Ela resume bem uma preocupação da escritora, que lança no dia 15 seu novo romance. "Infâmia" marca a estreia da acadêmica na editora Objetiva, depois de mais de 20 anos na Nova Fronteira. Um dos personagens é um funcionário público exemplar, chefe do almoxarifado de uma repartição, acusado injustamente de corrupção após denunciar a roubalheira no trabalho.

Em seguida ao lançamento, a editora vai reeditar, também pelo selo Alfaguara, todos os seus oito romances adultos: "A audácia dessa mulher" e "Para sempre" (agosto); "Alice e Ulisses" e "Tropical sol da liberdade" (abril de 2012); "Canteiros de Saturno" (outubro de 2012); "O mar nunca transborda" e "Palavra de honra" (abril de 2013); e "Aos quatro ventos" (outubro de 2013).

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- Os livros infanto-juvenis dela são reconhecidos em todo o mundo, mas sua obra adulta é composta de livros muito atuais, de imensa vitalidade narrativa e que, temos certeza, vão alcançar um público muito amplo - diz Roberto Feith, diretor editorial da Objetiva.

Ana Maria partiu de casos reais para construir sua trama. Durante dez anos, recortou notícias como a do ex-ministro Alceni Guerra, acusado de fraudar uma licitação para a compra de bicicletas, a dos donos da Escola Base, citados como envolvidos no abuso sexual de uma aluna, e a do médico Joaquim Ribeiro Filho, apontado como tendo furado a fila de transplantes para beneficiar o irmão do cineasta Guel Arraes. Todos foram inocentados.

- A ideia foi estar solidária com a dor e o sofrimento das vítimas das versões, das distorções, das acusações falsas. E hoje em dia, com a rapidez da internet, isso se espalha de tal maneira que não tem volta - diz ela, ressalvando que há casos em que a denúncia se justifica e que não se pode limitar a liberdade de informação e a investigação.

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